sábado, 11 de agosto de 2012

Alain Touraine


TOURAINE, Alain. Igualdade e diversidade: o sujeito democrático. Tradução: Modesto Florenzano. Bauru: EDUSC, 1998.

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Capítulo 6 – A Política, acima e no centro do social

[...]

Dado que freqüentemente me oponho e muito vivamente aos que na França se auto-denominam republicanos faço questão de declarar meu acordo com eles sobre um ponto fundamental: a democracia não está assegurada porque a classe operária, o povo ou os bons cidadãos estão no poder; em todos esses casos, o sistema político corre o risco de perder a possibilidade de mudar a origem e os objetivos sociais dos que estão no poder. O que significa a morte da democracia. Não se trata simplesmente de lembrar a necessidade de defender a lei e os procedimentos democráticos, mas, num plano mais profundo, de sustentar um princípio universalista, ou seja, não social, cujo campo de ação é

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a esfera política, que deve, portanto, ter a capacidade de agir livremente sobre o sistema social. Se lembrarmos que foi a filosofia política liberal, de Hobbes a Rousseau, que afirmou esta proeminência do político, declaro-me liberal, esperando que este termo não seja reduzido ao laisser-faire que beneficia apenas os mais poderosos. Quando se fala de liberdade, de igualdade ou de justiça, faz-se apelo a um princípio não social, superior às relações sociais que são sempre não igualitárias, para organizar a ordem social. Fora deste princípio, pode existir tolerância mas não liberdade; pode-se reduzir as diferenças sociais, mas não se pode assegurar a igualdade.

[...]

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[...] A democracia torna-se social [...] Coloca-se, pois, no plano dos atores sociais e não acima deles e procura estabelecer a justiça, ou seja, assegurar, antes de mais nada, o acesso dos dominados à ação, à influência e ao poder político.


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