terça-feira, 25 de outubro de 2011

Escravidão

MELLO, José Guimarães. Negros e escravos na antigüidade.
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Sabemos que uma das maiores fontes de escravos, em toda a Antiguidade, são as guerras. Povos inteiros podiam ser escravizados
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por outros que, muitas vezes, dizimavam seus vencidos, sacrificando crianças, mulheres e velhos, utilizando-se somente dos homens fortes e sadios que eram transformados em mão-de-obra nas edificações e, como soldados, na conquista de outros povos. Mais tarde, passaram os vencedores a aproveitar também as jovens que eram leiloadas ou vendidas por encomendas, como escravas, a reis e príncipes estrangeiros. No correr dos tempos, aprenderam que executar prisioneiros não era mais o melhor negócio. (...) O método de conquistar nações, submetê-las à escravidão, era praticado não só pelas grandes nações como pelas pequenas cidades. Tanto para umas como para outras, havia um código de leis que regulamentava a venda dos cativos.

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Apesar de o estabelecimento da Monarquia dar a impressão de que a organização social e política se opusesse ao trabalho escravo uma vez que, com o governo monárquico, toda a população se dividiu em castas, sendo que a última delas era dedicada exclusivamente aos trabalhos manuais, poder-se-ia acreditar que todas as necessidades do país estivesses satisfeitas, sem se recorrer à escravidão. Mas esta, certamente a precedeu.
Documentos da V dinastia do Reino Antigo ou, mais precisamente, do faraó Neferirikaré-Kakay (2446-2426 aC) já faziam referências a corvéias.176 O texto é um decreto real dirigido ao Sumo- Sacerdote Hemur, proibindo que os sacerdotes fossem escravizados sob qualquer pretexto, - ou seja, que fossem recrutados para os trabalhos da corvéia real – e, ao mesmo tempo, propondo sanções devidas ao caso. Citaremos apenas trechos de alguns documentos: Não permito que homem algum tenha o direito de tirar quaisquer sacerdotes que estiverem no Distrito em que tu estás, para a corvéia ou para qualquer (outro) trabalho do Distrito, exceto para
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prestar serviço ao próprio deus no tempo em que ele está e para conservar os templos em que eles estiverem. Eles estão isentos por toda a eternidade por decreto do Rei do Alto e Baixo Egito: Neferirikare. Ninguém está autorizado a usá-lo em qualquer (outro) seniço ... Qualquer funcionário ou íntimo do rei ou encarregado da agricultura que contrariar estas coisas que decretei será [removido] e entregue ao tribunal de justiça, enquanto a casa, os campos, as pessoas, e qualquer outra coisa em seu poder, serão confiscados, sendo ele designado para qualquer corvéia. A pessoa Real estava presente quando foi selado. Segundo mês da terceira estação, dia 11. 177

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